quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Captura da Onça-Pintada

Mais uma vez o alarme tocou as 5:30 da manhã. Era hora de checar as armadilhas. Já estavamos no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense há 5 dias e não haviamos capturado nenhuma Onça. Na saída da sede demos de cara com um jacaré que curtia os primeiros raios do sol bem do lado do nosso barco...algo bem normal segundo os biólogos dali.
Não demorou muito pra ele se assustar e se atirar no rio. Durante o percurso uma imagem estranha me chamou a atenção..um urubu vinha descendo o rio em cima de de um jacaré morto...uma cena bizarra.
Enquanto viamos esta cena percevi que estavamos sendo observados por uma onça. Desta vez uma fêmea, que estava na margem do rio como de costume. ela nos observou por alguns minutos e depois sumiu na mata.


Continuamos nossa rotina de verificar as armadilhas e mais uma vez...nada. Resolvemos nos separar e mandar metade da equipe para uma outra área onde estavam avistando onças. Eu resolvi ficar e continuar apostando nas proximidades da sede. Então, com a requipe reduzida, apenas Peter, Selma, Augustin e eu fomos verificar a última armadilha. Chegamos bem devagar, como sempre, só que desta vez avistamos o padrão de mancha típico da espécie próximo ao local da armadilha. De repente uma cabeca se levanta e comeca a nos encarar.
Tivemos que manter o silêncio e conter a emoção, mas era difícil, pois haviamos capturado a primeira Onça-Pintada da campanha. Era uma fêmea adulta de mais ou menos 70 kg. Peter tirou o barco dali e se afastou. Preparou o dardo tranquilizante e o rifle.
Voltamos e só eu e ele descemos do barco. A Onça não pensou duas vezes em tentar nos atacar...sorte nossa que ela estava presa.
Peter deu um tiro certeiro e em 7 minutos o animal estava sedado.

Ele checou se estava tudo bem, tirou o laço, e começou o trabalho. Primeiro colocaram o radio colar VHF e GPS, que era o procedimento mais importante. Depois iniciram uma série de exames: temperatura, frequencia cardiaca, biometria, pesagem, fotografia de dentição e coleta de sangue.
Enquanto isso eu catava o que sobrou da minha microcâmera...eh, por um erro de calculo colocamos ela muito próximo da armadilha e a onça simplesmente a destruiu. Não deu nem pra salvar o cartão e eu vou ficar sem saber se a camera registro o momento em que ela foi pega...seria uma cena inédita! Não se pode ganhar todas. Já estavamos felizes com a captura e com as imagens que estava fazendo.
Lugar onde coloquei a mirocamera...a onca não gostou nem um pouco..

O que sobrou...
Depois de terminar o procedimento tiramos tudo que era nosso de perto e deixamos a onça se recuperar. Ficamos no barco observando e em menos de uma hora ela se levantou e sumiu no meio da mata. Sucesso total. Missão cumprida.
A radio-telemetria é uma ferramenta muito utilizada para conhecer os aspectos ecológicos de uma espécie, como: a sua área de vida, o seu padrão de deslocamento, a utilização de hábitats e os seus padrões de atividade; informações de alta importância para o conhecimento e conservação da espécie.
Para mim era hora de deixar o parque e seguir para outra área do Pantanal para filmar mais imagens de onça. Para os pesquisadores o trabalho aqui continua. Eles pretendem capturar mais 3 onças e depois continuam com o difícil trabalho de monitorar-las. Quem quiser saber mais sobre o trabalho destes bravos pesquisadores visitem http://www4.icmbio.gov.br/cenap/ e http://www.ecotropica.org.br/. Para saber mais sobre o Parque Nacional do Pantanal matogrossense visite http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/mato-grosso/parque-nacional/pantanal-matogrossense/.
Segui na manhã seguinte para Porto Jofre, onde encontraria Lawrence e partiríamos para tentar captar mais imagens da Onça-Pintada!

3 comentários:

  1. Que maravilha de imagens. Parabéns pelo trabalho realizado.

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  2. Que legal, bela captura! Quando passa o documentário? Parabéns pelas fotos, estão o máximo.

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  3. Dimitrius você e o cara parabéns pela sua equipe e que belas fotos os gringos vao ficar de boca aberta com suas aventuras beleza parceiro

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